domingo, 16 de novembro de 2008

Refúgio Interior

Ela sempre acreditou que fosse assim,
depois de longas trevas a luz se instauraria.
Ou que mesmo só,
Haveria alguém para salvá-la.
Conhecida entre seus amigos como: sonhadora.
Era assim, de fato, sonhadora.
Não gostava de acreditar que não havia contos de fadas,
Nem que o mundo poderia ser cruel com ela.
No seu mundo tudo era colorido, todo mundo era feliz.
Os amantes se amavam e viviam felizes para sempre.
Ela cresceu.
O mundo era grande quando pequena,
Quando maior tudo era minúsculo.
Viveu sua vida na simplicidade.
Deu-se ao luxo de ter amantes, amigos, gatos, livros, CDs, DVDs e tudo que poderia ter.
Ah! Como era infeliz!
Nenhum deles era verdadeiro com ela,
Nem a música era verdadeira,
Nem seus animais de estimação.
Como era infeliz, tudo a sua volta era infeliz.
Resolveu abrir mão de tudo,
Seja de contato social, seja dos seus animais de estimação.
(Está bem, ela não se livrou dos gatos.)
Não tendo nada não perderia nada, assim pensou ela.
Porém os dias passaram, meses, anos.
E ela continuava lá no velho quarto, deitada nos lençóis mofados.
Seus dois gatos haviam morrido.
Ela não tinha televisão, não tinha rádio.
Usava as mesmas roupas que sempre teve
E vivia na mesma casa de sempre.
Resolveu então sair.
Quando viu o mundo, pensou que preferia ficar no seu quarto a ter que ver novamente como este mundo era cruel.
Enfim, anos se passaram.
E ela ainda estava lá, no mesmo quarto, com as mesmas roupas,
Refugiando-se do mundo.


Um comentário:

Unknown disse...

Coragem,ou o mundo te engulirá, não há quarto ou refúgio que pode te preteger dele.