terça-feira, 10 de novembro de 2015

O Maldito

Acordar desesperado
com o relógio mais alto
que o som do seu tédio

Dar aquele passo descompassado
Em direção ao emprego
Acreditar estar creditado
Sendo alguém de bem

Adentrar a porta da empresa
Fechar a via de si
Abrir uma nova vida
Caminha á deriva
Não sabe o que tem

Não olha pro lado
Só vive fechado
Circuito errado entrou e não saiu
Encontra-se ferrado
Mas vive assim
Não tem pra que pedir reza pra si...
Não tem pra quem pedir uma reza para si...

Esquizofrenia

Amor que não se faz
Nem se é feito
Nem é refeito
Nem redito
Apenas repetido
No coração doído

Eu sei que você sente
Sei que você vê
Por onde estive
Por onde caminhei
Com quem eu deitei

Colocou o coração em minhas mãos
Mesmo sabendo que eu não sabia
O que fazer com isso

Eu só queria saber
Porque diabos você me clama?
Não é minha culpa
Se na sua mente eu sou tua
E na vida não é assim...

Não se faça de bobo
Eu já imprimi esse esboço
Contém sua face dissimulada para mim...
Pare de repetir mentiras
Pra si próprio
Eu nunca existi

E ainda sim pode dizer que me ama
mesmo sabendo que sou fruto da sua alma,
do dissabor que te apavora todo dia em sua cama
e não te deixa dormir...

sexta-feira, 4 de abril de 2014

Fôlego

Esse lado sensível que vivo a esconder
é notório na poesia que decreto.
Em agonia, não pretendo sorrir,
transbordo letras.
Declaro fonte viva,
verbo pulsante que vibra,
escrituras sagrada-humanas,
tábulas da lei que não convencem,
por conseguinte não é esse o desejo.
É apenas vulnerabilidade transcorrida no papel.
Escrevo como se fosse a última dose,
Como faca que atravessa o coração
e sangue pulsante escorrendo pelo colchão.
Esse é meu testamento pro' mundo que esquecerá que presente estive.
Mesmo entre vermes e areia,
estarei viva em meus entes,
Estarei viva nos beijos que dei naquele dia,
Na minha cria,
Na palavra dita,
No amor que doei
E na Poesia.

(Lê, por favor, os marcados em negrito. Obrigada.)






A carta que não foi enviada

Amor meu,
lembro das tuas mãos em meus pés,
do cheiro de nicotina e suor,
da cor da sua pele e boca.
Lembranças de tardes ao lado seu,
que agora arrancam de mim a sanidade.
Eu queria poder destruir
cada fotografia mental criada
e descartar cada palavra mentirosa lançada.
Querido,
você ainda existe em mim.
Aquele xadrez lindo que você usava fui eu quem escolhi.
As influências que você largou no meu peito
agora apertam tão forte
que minhas lágrimas esguicham sua memória.

Sua mulher.