sexta-feira, 4 de abril de 2014

Fôlego

Esse lado sensível que vivo a esconder
é notório na poesia que decreto.
Em agonia, não pretendo sorrir,
transbordo letras.
Declaro fonte viva,
verbo pulsante que vibra,
escrituras sagrada-humanas,
tábulas da lei que não convencem,
por conseguinte não é esse o desejo.
É apenas vulnerabilidade transcorrida no papel.
Escrevo como se fosse a última dose,
Como faca que atravessa o coração
e sangue pulsante escorrendo pelo colchão.
Esse é meu testamento pro' mundo que esquecerá que presente estive.
Mesmo entre vermes e areia,
estarei viva em meus entes,
Estarei viva nos beijos que dei naquele dia,
Na minha cria,
Na palavra dita,
No amor que doei
E na Poesia.

(Lê, por favor, os marcados em negrito. Obrigada.)






A carta que não foi enviada

Amor meu,
lembro das tuas mãos em meus pés,
do cheiro de nicotina e suor,
da cor da sua pele e boca.
Lembranças de tardes ao lado seu,
que agora arrancam de mim a sanidade.
Eu queria poder destruir
cada fotografia mental criada
e descartar cada palavra mentirosa lançada.
Querido,
você ainda existe em mim.
Aquele xadrez lindo que você usava fui eu quem escolhi.
As influências que você largou no meu peito
agora apertam tão forte
que minhas lágrimas esguicham sua memória.

Sua mulher.