quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

O Poeta


Faltou-lhe a a sensação
que permeia todo poeta perante sua obra.
Aquele brilho,
iluminação momentânea.
O contato com outro plano,
onde o poeta busca suas idéias.
Maldito é o poeta que não trata sua obra com devido respeito.
Bom poeta é aquele que entende que uma boa poesia,
é,
antes de tudo,
um amontoado de idéias,
onde cada oração expressa um sentimento.
O corpo da poesia, ou seja, o todo é um entendimento que sobrepõe o papel,
que até mesmo eleva-se acima do próprio produtor da obra.
A poesia torna-se viva.
Superior ao poeta,
lá está ela ao lado dos prazeres,
das musas,
dos deuses,
a dançar sob as nuvens.
Poeta que é poeta age com humildade perante sua obra.
E, espera, seja dias ou noites pelo contato com a inspiração.
Inspiração esta, que coloca o poeta sentado na mesma cadeira que a poesia se aconchega.
O poeta é o eterno perseguidor da poesia.

sábado, 13 de dezembro de 2008

Para tudo e todos


Para aqueles que buscam a felicidade
um dia, talvez,
o encontro.
Para os corações desolados,
sorrisos e paz sem fim.
Para os que tentaram,
a paz do caminho que segue...
Para os amantes,
a rosa da paixão
e a venda aos olhos.
Para o sofrimento,
silêncio e compreensão.
Para os amigos,
a palavra que consola.
E para a dor que não cessa,
O Sol.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Transmutação


Estava perdido.

Meus medos gritavam.

Perturbavam- me.

Porém, quando me achei cessaram-se os gritos.

Não estava mais fora,

Estava dentro de mim.

Aquele que não deixava ser, por ter medo de não tentar, deixei ir.

Aquele que prendi sob aspectos de um sentimento antigo,

Deixei ir.

Estava na sala sentada.

Deus estava a minha frente

Falava-me sobre o sol e a lua.

Antes ele ficava a porta,

Batia todos os dias esperando que eu abrisse.

Até o dia que resolvi perceber quem batia.

Até lá não entendia as palavras, não escutava.

Achei que sabia de tudo,

Até perceber que não sabia absolutamente nada sobre nada

Aprendi a viver,

Não há mais medo no coração.

Não há mais angústia

Não há sofrimento.

Há apenas oportunidades para crescimento.

Não há amor débil.

Há amor que se entende apenas pelo amor, não pela face do alheio.

Estava livre, por fim,

Sentia-me feliz.

Estava em paz.

Transmutei-me.


quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Sua incerteza

Você me deu toda a incerteza
Que eu precisava para entender todo o meu mundo.
Deu-me suores plásticos,
Sorrisos amarelos,
Sofridas vozes,
Interruptas dores.
Sua incerteza manchou meu cotidiano
Deplorou-me.
Fez-me suja como lixo.
I-m-p-u-r-a.
O alcance de tuas palavras deixou-me surda.
O contato contigo fez de mim burra, tonta, sonsa...
E pela primeira vez em anos de existência,
pude finalmente compreender o que é mais importante.
A sua incerteza trouxe-me certezas,
nestas irei me debruçar.
Aprendi a viver pelas incertezas,
para poder viver pelas certezas
Quando eu precisar andar só por caminhos agrestes,
usarei da certeza que você fez crescer em mim.
E mesmo que vago em minha memória,
sua face irá permanecer,
como um retrato esquecido na sala.
Lembrarei de você rapidamente.
Darei um sorriso singelo,
Recordando-me no tempo em que “minhas mãos foram suas com calma”.
Obrigada.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Enamorados



Ao meu amante,

Amigo,

Filho;

Pai;

Irmão;


Tudo que me pede, eu faço.

Se quiseres que eu vá,

Peça-me que irei sem pensar.

Só não peça para deixar-me,

Esquecer-me de mim.

Eu não poderia te dar felicidade se não a ofereço a mim.

Confio em mim antes de ti, meu amor.

Dou-te minha confiança e a esperança que tu sejas maior do que eu.

Deixo-te livre para voar,

Descobrir suas limitações e encontrar-se contigo.

Ali estarei eu,

ao teu lado buscando também eu mesma.

Teu espaço será da forma que imaginar,

Meu espaço ao teu lado é respeitar o seu.

Fico do teu lado calada quando vejo que precisas de ouvido.

Beijo-te apaixonada quando seus lábios encontram o meu.

E caso um dia você decida ir,

Ficarei grata pelo tempo que passei e pelos sacrifícios feitos por você.

Pois tanto em você quanto em mim confio, para saber,

que este dia nunca chegará...



domingo, 16 de novembro de 2008

Refúgio Interior

Ela sempre acreditou que fosse assim,
depois de longas trevas a luz se instauraria.
Ou que mesmo só,
Haveria alguém para salvá-la.
Conhecida entre seus amigos como: sonhadora.
Era assim, de fato, sonhadora.
Não gostava de acreditar que não havia contos de fadas,
Nem que o mundo poderia ser cruel com ela.
No seu mundo tudo era colorido, todo mundo era feliz.
Os amantes se amavam e viviam felizes para sempre.
Ela cresceu.
O mundo era grande quando pequena,
Quando maior tudo era minúsculo.
Viveu sua vida na simplicidade.
Deu-se ao luxo de ter amantes, amigos, gatos, livros, CDs, DVDs e tudo que poderia ter.
Ah! Como era infeliz!
Nenhum deles era verdadeiro com ela,
Nem a música era verdadeira,
Nem seus animais de estimação.
Como era infeliz, tudo a sua volta era infeliz.
Resolveu abrir mão de tudo,
Seja de contato social, seja dos seus animais de estimação.
(Está bem, ela não se livrou dos gatos.)
Não tendo nada não perderia nada, assim pensou ela.
Porém os dias passaram, meses, anos.
E ela continuava lá no velho quarto, deitada nos lençóis mofados.
Seus dois gatos haviam morrido.
Ela não tinha televisão, não tinha rádio.
Usava as mesmas roupas que sempre teve
E vivia na mesma casa de sempre.
Resolveu então sair.
Quando viu o mundo, pensou que preferia ficar no seu quarto a ter que ver novamente como este mundo era cruel.
Enfim, anos se passaram.
E ela ainda estava lá, no mesmo quarto, com as mesmas roupas,
Refugiando-se do mundo.


O Nada é tudo.


Alienada no meu pensamento,

Ali eu estava.

O que procurava?

Estava só, sozinha.

Não procurava mais eu mesma

Procurava no outro

Perdi-me por procurar no outro,

O outro também era eu.

Voltei ao início,

Procurei na estrela,

Na miragem,

No escuro,

Na dor,

No questionamento,

Na vida.

Não achei nada.

Achei o nada,

Finalmente achei a resposta.

sábado, 15 de novembro de 2008

Introspecção


Hoje eu prefiro viver no meu mundo interior
Escutar a doce e terrível voz do eu escondido.
Entender as discordâncias entre minhas almas.
E perder-me entre pensamentos soltos,
Pensamentos que apenas eu entendo.
Hoje estou me sentindo bem comigo.
Sobre as pessoas já nem penso mais.
Talvez amanhã sinta falta delas,
Mas hoje não.

fotagrafia :
Rogerio Lemos

Conto dos distintos


Ele sentado olhando para os livros. Uma porção de idéias que vem e voltam com tanta rapidez que o deixa sem saber o que fazer. Como ele poderia vencer o seu medo de morrer? Nem ele sabia. Por isso, decidiu que a todo instante se monitoraria. Mas, ainda sim precisava vencer o seu medo.

Ela estava sentada em meio ao nada, ao som de Mozart , pensando como poderia enfrentar o medo da solidão. Percebia-se como indivíduo e via na solidão a melhor forma de compreender sua própria realidade.

Ele tentava entender sua própria realidade de forma distinta da dela

Ele não poderia amá-la, pois sua atenção é totalmente voltada a si mesmo.

Ela poderia amá-lo? Nem ela saberia responder. Mas recorda-se, em meio ao nada, das manhãs que acordou ao lado dele mesmo sabendo que iria durar tão pouco.

Ele procurava nela perfeição. Alguém parecido para compartilhar momentaneamente um pedaço de sua vida.

Ela antes de conhecê-lo queria que fosse momentâneo, com o tempo decidiu que seria eterno.

Ele a avisou que as diferenças seriam gritantes.

Ela queria que o sentimento deixa-se as diferenças de lado e tentou mostrá-lo isso, sem conseguir.

Ele era apaixonado por ela.

Ela era apaixonada por ele.

E mesmo com todo o sentimento.

Ele continuava de um lado e Ela do outro.